A RTP promoveu, ontem, um debate sobre a proliferação de teses sobre a relação de Maria Madalena com Jesus Cristo. Um documentário sobre o mesmo tema antecedeu o debate. O documentário supostamente buscava a verdade sobre Maria Madalena, o Santo Graal e outros que tais. Até aqui tudo bem. O documentário não era excelente, sou o primeiro a admiti-lo. Mas o momento esotérico e macabro da noite ainda estava para chegar. Uma autêntica teopsia abateu-se sobre o debate aquando do uso da palavra por João César das Neves! O debate incluía quatro elementos: "Cristo" Neves, dois padres e deduzo (não acompanhei o início do programa) uma teóloga. Mas JCN conseguia ser mais papista que o papa (não, não foi sujeito a duas traqueotomias). Os dois padres, como é óbvio, defenderam a sua dama (ops,... acabei de chamar dama a Cristo), enunciando que Dan Brown e outros exageravam, e que muito pouco existia de concreto sobre Maria Madalena. A teóloga (a que me parecia mais lúcida no programa, a par de Márcia Rodrigues) mostrava que M.M. tinha sofrido uma rasura por parte da Igreja Católica especialmente no Concílio de Trento, enquanto explicava aos telespectadores que os romances que abordavam a matéria até revelavam alguma má-fé relativamente ao papel da Igreja Católica. Pareceu-me uma pessoa equilibrada. Eis então a teopsia: JCN defende que a sociedade dos nosso dias está conspurcada pelo sexo (vi nas suas palavras nostalgia relativamente a cintos de castidade), parece impossível que todos "batam" na Igreja Católica, que durante 2000 anos sempre protegeu e defendeu o povo (e o Hitler sempre defendeu com "unhas e dentes" os judeus), se falassem assim dos muçulmanos estariam a ser perseguidos (será que ele defende a perseguição como elemento dissuasor de má-língua?), se a Igreja tinha substituído a figura de M.M. pela de Maria, nada se poderia dizer relativamente ao papel da mulher na Igreja (engraçado, e eu que sempre pensei que o papel de "companheira" era completamente diferente do papel de mãe e ainda por cima VIRGEM), entre outras barbaridades próprias do século XV! Mas tenho aqui de partilhar a cereja em cima do bolo. JCN explanava no seu raciocínio que o que interessa é o que choca para se vender cada vez mais. Era esta a justificação para o ataque que a Igreja Católica sofria. Aqui eu até concordo. Agora vamos ao feliz exemplo escolhido pelo "Cristo" Neves:
JCN: Márcia, se eu escrever um livro sobre o mau hálito do Presidente Jorge Sampaio, vende com certeza muito mais do que sobre as suas decisões ou opiniões políticas!
Márcia: Hrumm, pois... acha mesmo?
JCN: Claro que sim! As pessoas interessam-se muito mais por isso!
E depois de repetir, ao longo do programa, três vezes esta ideia eu resolvi rever os Óscares!
JCN para beato; já; em vida; e antes da Irmã Lúcia!
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