Segundos depois respondia uma voz langanhosa e eu disse o que queria:
-Parece que me pode ajudar a combinar uma hora de boa conversa - disse.
-Claro querido. Qual era a tua ideia?
-Gostava de discutir sobre o Mantorras.
-Dissertar sobre o joelho ou especular sobre a idade?
-Qual é a diferença?
-O preço! O joelho implica conhecimento de medicina.
-Quanto é que isso me custa?
-100 € para o joelho. Quer uma discussão comparativa... Pedro Mantorras versus Marco Van Basten? Podia arranjar-se isso por 100.
-Ok!
-Prefere loira ou morena?
-Surpreenda-me - disse eu e desliguei.
Vesti o fato de treino, a peúga turca branca com a raquete de téni, o sapatucho de verniz e limpei a cera dos ouvidos com a unha (postiça) do mindinho. Depois consultei na internet tudo o que estava disponível sobre as lesões de Mantorras e Van Basten. Menos de uma hora depois batiam à minha porta. À minha frente estava uma jovem ruiva, de fato de treino do Fafe, com uns ténis com cerca de 15 anos da LA Gear. Nas mãos trazia duas sandes de coirato e duas minis.
-Olá, sou a Ticha.
Sabiam mesmo excitar-nos a fantasia. Rabo-de-cavalo a sair de um boné da Selecção Nacional, bolsa à cintura, almofadinha para não magoar o rabiosque.
-Começamos? - disse eu. Ela acendeu um cigarro e pôs-se ao assunto.
-Acho que poderíamos começar por falar na primeira operação do Mantorras. No fundo dissecar as opções do departamento médico do Benfica e a consequente dispensa do médico Bernardo Vasconcelos, sabendo que uma coisa está ligada à outra.
-Mas o Mantorras já tinha os joelhos fracos, assim como o tornozelo do Van Basten. Não podemos imputar todas as culpas aos departamentos médicos. - Eu estava a fazer bluff. A ver se ela caía.
-Sim, o médico seguinte também fez asneira. Além disso, os dois jogadores tiveram imensos problemas anteriormente, o que demonstra a fraca fiabilidade intrínseca dos atletas. - Caiu.
-Exactamente.
-Acho que os carniceiros desses médicos pioraram a situação de dois jogadores já de si carunchosos. Não concorda?
Deixei-a continuar. Nem devia ter 19 anos, mas já tinha o calo da ida aos estádios e da luta entre claques. Mas era tudo mecânico. Sempre que eu lhe dava uma ideia, ela fingia uma reacção.
-Sim, de facto o Cugat disse que ele nunca mais seria o mesmo. Essa é básica... como é que não me passou tal coisa pela cabeça?
Falámos cerca de uma hora e ela disse que estava na hora. Levantou-se e eu dei-lhe nota 20 (qual Marcelo).
-Obrigada, querido.
-Podes ter muito mais.
-Que queres dizer? - sentou-se outra vez.
-Faz de conta que queria duas raparigas a explicar-me a táctica de jogo do Mourinho nos jogos da época passada.
-Oh, uau!
-Mas se não quiseres...
-Terias que falar com a Dona Paula. E ficava-te caro!
Era altura de apertar com ela. Mostrei-lhe o crachá de detective e disse-lhe que ia de cana.
-Quê?
-Discutir futebol por dinheiro dá uma estadia grátis na Penitenciária mais próxima! Vais cumprir pena!
-Miserável!
-É melhor confessares! - Pôs-se a chorar.
continua...
Vídeos com alguma facécia
Agora é possível desfrutar de alguns vídeos relacionados com os textos. Para isso basta carregar no título do post. O título é aquela coisa a Negrito, com umas letras maiores, e que antecede as profícuas palavras deste blog.
Advertência:
Caros leitores, estão completamente proibidos de ver os vídeos antes de lerem as barbaridades escritas, correndo o risco de serem atingidos por uma comichão deveras desagradável na zona da púbis, seguido de pé-chato nas mãos e escorbuto nos tornozelos.
Tuesday, September 20, 2005
A Puta do Futebol II
A Puta do Futebol (continuação)
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