Vídeos com alguma facécia

Agora é possível desfrutar de alguns vídeos relacionados com os textos. Para isso basta carregar no título do post. O título é aquela coisa a Negrito, com umas letras maiores, e que antecede as profícuas palavras deste blog. Advertência: Caros leitores, estão completamente proibidos de ver os vídeos antes de lerem as barbaridades escritas, correndo o risco de serem atingidos por uma comichão deveras desagradável na zona da púbis, seguido de pé-chato nas mãos e escorbuto nos tornozelos.

Tuesday, May 29, 2007

"Solta o Queniano que há em ti, ou a 2ª Corrida do Glorioso: Guia para Maçaricos"

Pernas rapadas, cheiro a creme de massagem, lycra, fitas na cabeça, bebidas energéticas e gel, ar de "I was born to run" e uma camisoleta de manga cava, estampada com o logo de uma colectividade. Eu não tinha nenhuma destas coisas, o que me tornava um ser bizarro no meio dos milhares prontos a arrancar para os 10 Km da 2ª Corrida do SLB.

Depois de uns minutos de observação atenta do mundo que me rodeava, passou a intimidação e fingi uns alongamentos para me distrair. O maricas do Ze_Halcon cortou-se à última da hora. Sabia mais que eu.

BAM! Tiro de partida!! (na realidade não foi "BAM!", foi mais um tiro de pólvora seca muito fraquinho e que mal se ouviu, tipo um "TAC!")

Lembrei-me logo da publicidade: "Ah e tal, solta o queniano que há em ti"... e eu soltei!!!
De tal modo que arranquei muito forte e ainda me bati com os 2 quenianos que vi... ali... de igual para igual, que nem um tigre, a puxar pelo físico no limite da resistência mas entre os 6 e os 8 metros descolaram, nada pude fazer. Meti-me na luta, que é o que conta. Não tive medo de ser feliz... e, já agora, percebe-se o porquê: era impossível ser feliz; para quê ter medo?

Não fui feliz o tanas!
Fui muito feliz quando ultrapassei um velhinho de fato de treino e chapéuzinho de turista, apenas para o ver passar por mim 10 minutos depois, no seu ritmo implacável, sem pestanejar.
Fui muito feliz quando corri ao lado da Rosa Mota, e quando a vi repreender um cinquentão traquina que me cortou a curva por dentro. Ah! Toma e vai buscar!
Fui muito feliz quando vi que a multidão que passou por mim a abrir aos 4,5 Km se sentou no chão a beber água 500 metros depois porque estava inscrita na Fun Run que eram 5 Km.
E quando ia no sexto kilómetro e puxei pela Vanessa Fernandes que ia no sentido contrário a chegar à meta.
E quando assei a extensão quase total da virilha esquerda porque sou maçarico e não pus cremes e vaselina e manhosices dessas porque obviamente são rotices. Espera, aqui não fui muito feliz. Risca essa.

Ok, não fui muito feliz quando ia rebentando aos 8 Km nem quando se separaram os cromos dos maçaricos e fui passado por centenas de máquinas corredoras com ar assassino. Mas o mais doloroso para o ego, a verdadeira lição de humildade (e humidade, derivado ao suor que respingava qual fontanário com cheiro a rosas) não foram esses monstros de poderio físico. Foram os velhotes de fita na cabeça, as baleias de lycra (do pescoço aos ténis, que choravam copiosamente), os putos que passavam em sprint, sentavam-se no chão a arfar 100m depois e voltavam a passar em sprint... todos os seres improváveis que chegaram à meta primeiro que eu! Foi um festival! Só não verti uma lagrimita porque já a tinha suado. Cá estou eu outra vez a falar de suor. Já perceberam que me ficou gravado na memória.

Ainda no rescaldo desta experiência indescritível, aqui fica um pequeno guia: "Do's e Don'ts do Queniano-Wannabe":

Deves:
  • Treinar pelo menos uma vez no mês anterior em vez de ir armado em campeão da escola primária
  • Substimar todo e qualquer corredor à tua volta para aprenderes o mais possível com a experiência de ser ultrapassado por ele quando já estiveres a perder a visão
  • Beber água quando podes para não teres crises existenciais sobre se é roto pedires água a alguém que avisadamente não deitou fora a garrafa. Óbvio que acabei por não pedir, que coisa fanchona!
  • Correr até perder a consciência, enquanto fantasias sobre com que pé vai o Dady marcar o 3º golo do Belém ao Zbortén umas horas mais tarde (na altura parecia razoável...)
  • Sprintar à chegada. É um ponto de honra, mesmo que te custe 3 anos de vida a certos e determinados orgãos vitais.
Não deves:
  • Acenar para as câmaras que existem ao longo do percurso. Toda a gente tem uma foto, normalmente do jardim de infância, em que foi apanhado a acenar para a foto para responder ao operador. É como contratar o Pinilla: na altura parece uma boa ideia mas o resultado é péssimo.
  • Cantar hinos ou gritar palavras de ordem das claques do clube que patrocina a prova enquanto passas a correr no estacionamento do estádio só para aproveitar o eco e desmoralizar os corredores de outros clubes. É parolo e sobretudo priva-te de oxigénio. Ver seguinte.
  • Suster a respiração mais que 2 segundos; é provável que morras se tiveres essa audácia.
  • Fingir-te surpreendido pelos apitos dos sensores nos pontos de controlo como se te tivessem dado um tiro. É parvo.
  • Inscrever-te na corrida mais longa, sobretudo se nunca correste, a não ser que queiras ter uma história para contar.

NOTA: Há outros ensinamentos que posso transmitir se incentivado através de donativos em numerário. Tenho que ir à Decathlon, sabem como é... a lycra tá cara!

E para o ano há mais! E preparem-se idosos frequentadores de lares e colectividades obscuras, vou estar muito forte! E levo os restantes Trolls para não se rirem à bruta como quando lerem isto! Patifes!

2 comments:

AMAFAS said...

Quero aqui deixar bem claro que a única razão para a minha não participação foi o facto de não ser o fiel proprietário de um calconete de lycra. Pelos vistos, tal não era condição sine qua non para a entrada nesse grande evento que é a Corrida do Sport Lisboa e Benfica.

Para o ano, até de salada-à-solta me podem lá ver.

Quanto à prestação do fiel Profi Troll presente nesta segunda edição, devo dizer que deixou muito a desejar. E passo a enumerar:

-Não houve qualquer referência a estágio pré-correria (uma directa a beber copos num qualquer local menos apropriado);

-Não houve qualquer referência a uma cena, dessa nobre arte que é o pugilato, junto dos velhinhos que tentavam - e pelos vistos sem grande dificuldade - ultrapassar-te;

-Não houve qualquer referência à utilização de doping durante o trajecto - vulgo álcool;

-Não houve qualquer referência a rasteiras, puxões de camisolas, apalpões ou até "nitros".


É por tudo isto e outras coisas mais que talvez tenham levado o Ze Halcon a acobardar-se (sim, ele tem calconetes de lycra, e com umas cores que é melhor nem falar), que deixo alguns concelhos que colocarei em prática no próximo ano:

-Levar aqueles bonés com local para transportar duas latas de cerveja;

-Começarmos a correr já a soro;

-Começar antes do tiro de partida - parecendo que não, ajuda;

-Levar as chaves do carro, just in case;

-Conhecer alguém da organização que garanta um lugar nos dez primeiros;

-Levar pedras para atirar a quem levar camisolas de clubes rivais (JMP, viste-os por lá?).

Julgo que estes serão factores a considerar numa próxima participação.


PS:Para não assares mais as virilhas, para o ano eu levo os bálsamos!

Anonymous said...

If im in the situation of the owner of this blog. I dont know how to post this kind of topic. he has a nice idea.